Henriette Hoffmann, do Fascínio Infantil ao Ódio Pelo Nazismo
A história de Henriette Hoffmann e outras mulheres que tiveram relação direta ou indireta com Hitler podem ser lidas no livro "Todas as Mulheres de Hitler" do Autor Erich Schaake.
Jojo Rabbit trata-se de um filme dirigido, pelo também ator, Taika Watiti. A história fala sobre um garoto que cresce na Alemanha Nazista e por isso tem uma visão romântica sobre o Fascismo Alemão e principalmente sobre o ditador Adolf Hitler, o qual ele imagina como seu melhor amigo.
Porém com o passar do tempo o jovem garoto confronta a realidade do sofrimento que os Judeus estavam presenciando e sua visão de mundo agora precisa confrontar a realidade em sua volta e que talvez Adolf Hitler não seja uma figura tão amigável quanto imagina.
O roteiro tinha tudo para ser apenas uma obra Hollywoodiana, mas na verdade existiu uma mulher que passou por algo bem parecido na vida real.
O ano era 1921 e ironicamente esse encontro ocorreu acima de uma cafeteria chamada "café megalomania".
O ateliê do pai de Henriette que era fotografo ficava um andar acima do café. O velho pai de Henriette era um correligionário do partido e recebendo o Hitler em seu apartamento fez questão de pedir que a filha o fizesse uma reverência.
Hitler e Henriette ainda se encontrariam mais vezes. Três ou quatro anos depois Hitler voltaria ao seu apartamento, após a reverência Henriette diz que seu pai estava dormindo, mas que o mesmo poderia esperar lá dentro.
Henriette estava ensaiando seus exercícios de piano e Hitler resolveu a seguir. "Tocar piano é a coisa mais chata do mundo" disse a pequena, mas Hitler a repreendeu pegando um banco e se sentando de frente ao piano disse "você nunca mais vai dizer isso".
Hitler tocou a polca de Anna, Henriette quis dançar, mas Hitler insistiu que a garota deveria apenas escutar. Hitler lhe contou histórias fascinantes sobre os lendários nibelungos, os tesouros mágicos que residiam no rio Reno, dentre outras histórias nórdicas míticas.
Desde esse momento foi iniciado uma amizade que duraria anos. Henriette disse mais tarde que Hitler a tratava como uma igual e isso a fez admirar o líder nazista durante sua infância e adolescência.
Quando a garota tinha quinze anos foi Hitler quem lhe deu a noticia da morte de sua mãe. Teve inúmeros encontros em que conversavam tomando chá seja no apartamento dele ou dela com seu pai.
A garota assim cresceu com uma forte marca da ideologia Nazista de forma que aos dezenove anos se filiou ao partido.
Hitler tinha uma influência tão grande em sua vida que chegou a escolher a pessoa com quem ela se casaria. Baldur Von Schirach vinha de uma família nobre, tinha dinheiro e era um entusiasta do Nazifascismo, o que para Hitler o tornava perfeito para Henriette.

Hitler, após o casamento em 1932, o nomeou líder da juventude do Reich e em 1940 foi promovido a líder provincial e governador de Viena, tendo como principal função a expulsão de judeus da cidade para campos de concentração.
Enquanto isso Henriette vivia luxuosamente com seu marido, sem imaginar os horrores que aconteciam fora dos palácios onde ela morava. Hitler ainda gostava de conversar com ela, mas a relação dos dois estava prestes a mudar completamente.
Henriette viajou para a Holanda que estava ocupada pelos Alemães. Dormia em um hotel quando acordou com o som de gritos de ordens e gemidos de tristeza e dor. A mulher correu para a janela e viu na rua centenas de mulheres com os filhos no colo e pobres trouxas na mão enquanto homens fardados as direcionavam para os vagões. Após isso escutou um dos homens gritar "os arianos ficam!".
Henriette não podia acreditar no que acabava de ver e logo pela manhã saiu a perguntar sobre o ocorrido aos moradores que em sua maioria evitaram falar sobre o ocorrido. Foi um amigo que resolveu explicar a ela:
- Era uma evacuação de judias. As mulheres vão para os campos femininos; os homens para os masculinos.
- E as crianças? - Ela perguntou, mas o amigo não soube responder - São os Alemães que fazem isso?
- Quem havia de ser? - Perguntou o amigo surpreso pela ingenuidade da mulher.
- Hitler sabe disso? - perguntou, surpresa por seu amigo de infância poder permitir que isso aconteça.
- Caso ele não saiba, você pode lhe contar.
Provavelmente o amigo foi irônico na ultima frase, mas foi exatamente o que Henriette fez. Na sexta feira santa de 1943 conversou com Hitler protagonizando a primeira grande briga conhecida entre os dois.
- A senhora acaba de chegar da Holanda? - perguntou Hitler.
- É verdade, por isso estou aqui e queria falar com o senhor - respondeu ela - eu vi coisas horrendas, não posso acreditar que o senhor queira...
Antes dela sequer terminar a frase o ditador a interrompeu.
- Estamos em guerra.
- Mas eram mulheres - Disse Henriette incrédula - eu vi um bando de mulheres, gente pobre, desamparada, sendo evacuada, todas levadas a um campo de concentração. Duvido que voltem, confiscaram seus bens, suas famílias não existem mais...
Hitler enfim gritou como costumava fazer com todas as outras pessoas.
- Deixe de ser sentimental, senhora Von Schirach! que lhe interessam as judias da Holanda?
Ela se levantou para partir, mas Hitler lhe segurou os pulsos e os envolveu nas duas mãos. O ditador justificou-se falando sobre as perdas na guerra e a possibilidade do bolchevismo vencer caso não fossem tomadas essas decisões.
Porém o que ficou marcado foi seu argumento final.
- A senhora precisa aprender a odiar. Eu também tive de aprender.
Henriette todavia foi quem finalizou a discussão.
- Eu não faço mais parte da sua mesa.
Dentro da sala haviam mais dezessete membros do partido Nazista, mas nenhum deles tentou a segurar quando se levantou e saiu, nem mesmo tentaram entrar na discussão dos dois.
Já Henriette foi classificada como "minimamente incriminável", tendo provado que mesmo sendo filiada ao partido e casada com um dos condenados em Nuremberg, ela nunca chegou a fazer nada de grave. Mesmo assim foi condenada a uma multa no valor de 2 mil marcos.
Henriette morreu aos 78 anos em 27 de janeiro de 1992. Lançou um livro de memórias onde conhecemos sua relação com o nazifascismo chamado "o preço da glória" (der preis der herrlichkeit), mas o livro foi recebido com ceticismo pelo público que a acusava de ter percebido tarde demais os horrores comandados por seu velho amigo de infância, Adolf Hitler.
Jojo Rabbit trata-se de um filme dirigido, pelo também ator, Taika Watiti. A história fala sobre um garoto que cresce na Alemanha Nazista e por isso tem uma visão romântica sobre o Fascismo Alemão e principalmente sobre o ditador Adolf Hitler, o qual ele imagina como seu melhor amigo.
Porém com o passar do tempo o jovem garoto confronta a realidade do sofrimento que os Judeus estavam presenciando e sua visão de mundo agora precisa confrontar a realidade em sua volta e que talvez Adolf Hitler não seja uma figura tão amigável quanto imagina.
O roteiro tinha tudo para ser apenas uma obra Hollywoodiana, mas na verdade existiu uma mulher que passou por algo bem parecido na vida real.
OS PRIMEIROS CONTATOS
A primeira vez que Henriette Hoffmann encontrou com Hitler ela tinha apenas 8 anos de idade.O ano era 1921 e ironicamente esse encontro ocorreu acima de uma cafeteria chamada "café megalomania".
O ateliê do pai de Henriette que era fotografo ficava um andar acima do café. O velho pai de Henriette era um correligionário do partido e recebendo o Hitler em seu apartamento fez questão de pedir que a filha o fizesse uma reverência.
Hitler e Henriette ainda se encontrariam mais vezes. Três ou quatro anos depois Hitler voltaria ao seu apartamento, após a reverência Henriette diz que seu pai estava dormindo, mas que o mesmo poderia esperar lá dentro.
Henriette estava ensaiando seus exercícios de piano e Hitler resolveu a seguir. "Tocar piano é a coisa mais chata do mundo" disse a pequena, mas Hitler a repreendeu pegando um banco e se sentando de frente ao piano disse "você nunca mais vai dizer isso".
Hitler tocou a polca de Anna, Henriette quis dançar, mas Hitler insistiu que a garota deveria apenas escutar. Hitler lhe contou histórias fascinantes sobre os lendários nibelungos, os tesouros mágicos que residiam no rio Reno, dentre outras histórias nórdicas míticas.
Desde esse momento foi iniciado uma amizade que duraria anos. Henriette disse mais tarde que Hitler a tratava como uma igual e isso a fez admirar o líder nazista durante sua infância e adolescência.
Quando a garota tinha quinze anos foi Hitler quem lhe deu a noticia da morte de sua mãe. Teve inúmeros encontros em que conversavam tomando chá seja no apartamento dele ou dela com seu pai.
A garota assim cresceu com uma forte marca da ideologia Nazista de forma que aos dezenove anos se filiou ao partido.
Hitler tinha uma influência tão grande em sua vida que chegou a escolher a pessoa com quem ela se casaria. Baldur Von Schirach vinha de uma família nobre, tinha dinheiro e era um entusiasta do Nazifascismo, o que para Hitler o tornava perfeito para Henriette.

Hitler, após o casamento em 1932, o nomeou líder da juventude do Reich e em 1940 foi promovido a líder provincial e governador de Viena, tendo como principal função a expulsão de judeus da cidade para campos de concentração.
Enquanto isso Henriette vivia luxuosamente com seu marido, sem imaginar os horrores que aconteciam fora dos palácios onde ela morava. Hitler ainda gostava de conversar com ela, mas a relação dos dois estava prestes a mudar completamente.
HENRIETTE DESCOBRE OS HORRORES DO TERCEIRO REICH
Seu processo de descoberta ocorreu em abril de 1943.Henriette viajou para a Holanda que estava ocupada pelos Alemães. Dormia em um hotel quando acordou com o som de gritos de ordens e gemidos de tristeza e dor. A mulher correu para a janela e viu na rua centenas de mulheres com os filhos no colo e pobres trouxas na mão enquanto homens fardados as direcionavam para os vagões. Após isso escutou um dos homens gritar "os arianos ficam!".
Henriette não podia acreditar no que acabava de ver e logo pela manhã saiu a perguntar sobre o ocorrido aos moradores que em sua maioria evitaram falar sobre o ocorrido. Foi um amigo que resolveu explicar a ela:
- Era uma evacuação de judias. As mulheres vão para os campos femininos; os homens para os masculinos.
- E as crianças? - Ela perguntou, mas o amigo não soube responder - São os Alemães que fazem isso?
- Quem havia de ser? - Perguntou o amigo surpreso pela ingenuidade da mulher.
- Hitler sabe disso? - perguntou, surpresa por seu amigo de infância poder permitir que isso aconteça.
- Caso ele não saiba, você pode lhe contar.
Provavelmente o amigo foi irônico na ultima frase, mas foi exatamente o que Henriette fez. Na sexta feira santa de 1943 conversou com Hitler protagonizando a primeira grande briga conhecida entre os dois.
- A senhora acaba de chegar da Holanda? - perguntou Hitler.
- É verdade, por isso estou aqui e queria falar com o senhor - respondeu ela - eu vi coisas horrendas, não posso acreditar que o senhor queira...
Antes dela sequer terminar a frase o ditador a interrompeu.
- Estamos em guerra.
- Mas eram mulheres - Disse Henriette incrédula - eu vi um bando de mulheres, gente pobre, desamparada, sendo evacuada, todas levadas a um campo de concentração. Duvido que voltem, confiscaram seus bens, suas famílias não existem mais...
Hitler enfim gritou como costumava fazer com todas as outras pessoas.
- Deixe de ser sentimental, senhora Von Schirach! que lhe interessam as judias da Holanda?
Ela se levantou para partir, mas Hitler lhe segurou os pulsos e os envolveu nas duas mãos. O ditador justificou-se falando sobre as perdas na guerra e a possibilidade do bolchevismo vencer caso não fossem tomadas essas decisões.
Porém o que ficou marcado foi seu argumento final.
- A senhora precisa aprender a odiar. Eu também tive de aprender.
Henriette todavia foi quem finalizou a discussão.
- Eu não faço mais parte da sua mesa.
Dentro da sala haviam mais dezessete membros do partido Nazista, mas nenhum deles tentou a segurar quando se levantou e saiu, nem mesmo tentaram entrar na discussão dos dois.
O QUE ACONTECEU DEPOIS?
Em 1950 Henriette se divorciou do marido que foi um dos 22 homens acusados de crime de guerra pelo tribunal internacional de Nuremberg. Baldur Von Schirach foi condenado a vinte anos de reclusão e cumpriu sua pena até o final. O pai de Henriette também foi acusado de contribuir com o fascismo Alemão tendo que fazer por dez anos trabalhos forçados e acabando com seus bens confiscados.Já Henriette foi classificada como "minimamente incriminável", tendo provado que mesmo sendo filiada ao partido e casada com um dos condenados em Nuremberg, ela nunca chegou a fazer nada de grave. Mesmo assim foi condenada a uma multa no valor de 2 mil marcos.
Henriette morreu aos 78 anos em 27 de janeiro de 1992. Lançou um livro de memórias onde conhecemos sua relação com o nazifascismo chamado "o preço da glória" (der preis der herrlichkeit), mas o livro foi recebido com ceticismo pelo público que a acusava de ter percebido tarde demais os horrores comandados por seu velho amigo de infância, Adolf Hitler.
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